O politicamente correto, a máscara da soberba.
O grande Nelson Rodrigues já dizia que
“perfeição é coisa de menininha tocadora de piano”.
Machado de Assis, por sua vez, certa feita disse sobre um de seus personagens:
“apesar da casca de polidez, um grosseirão”.
A partir dessas duas frases, podemos tentar falar um pouco acerca do conservadorismo e do politicamente correto.
Um dos princípios do conservadorismo é a consciência da falibilidade humana. É o sexto princípio de Russell Kirk. Nós somos caricaturas de nossas paixões, ou como disse Shakespeare em Hamlet:
“Give me that man That is not passion’s slave, and I will wear him In my heart’s core, ay, in my heart of heart, As I do thee.”.
O conservadorismo, em razão da aceitação da imperfeição humana, é libertador, na medida em que nos desonera do fardo de sermos reféns das aparências, que é o que fazem os politicamente corretos. Como certa feita disse o grande filósofo Olavo de Carvalho: “Toda Neurose começa com a frase: ‘Não podemos dar a aparência de…”.Sobre o poder libertador do conservadorismo assim trata Mark R. Levin:
“Conservatism is the antidote to tyranny. It’s the only one. It’s based on thousands of years of human experience. There is nothing narrow about the conservative philosophy. It’s a liberating philosophy. It is a magnificent philosophy. It is a philosophy for the ages, for all times.”
Quanto mais bonito o discurso, mais atento eu fico, maior a chance de estarmos diante de um sociopata, de um estelionatário, mais profunda será a queda. É por isso que admiro os self-deprecating… a postura self-deprecating é antes de tudo conservadora, na medida em que ri de si mesmo, de suas próprias imperfeições. Nunca conheci um psicopata self-deprecating… estão sempre falando aquilo que queremos ouvir… o politicamente correto.
Ser politicamente correto é um gesto supremo de mascaramento de uma descomunal soberba e orgulho, que são ínsitos aos seres humanos, por serem o próprio Pecado Original, a vontade de igualar-se a Deus. O discurso é belíssimo até o ego ser ferido. Aí a podridão moral, inerente ao ser humano, vem à tona e o contraste entre o discurso politicamente correto e o comportamento moralmente abjeto é aterrorizante.
A empáfia, a prosápia e a bazófia são traços típicos da postura e do linguajar dos monopolistas da virtude ao vomitarem suas frases feitas, seus clichês inócuos, que consubstanciam a linguagem moralmente confortante do humanitarismo progressista que esconde o narcisismo que produz a desordem social, existencial e política, como bem disse Michael P. Federici, ao explicar as ideias do seu mestre Eric Voegelin.
C.S. Lewis arremata dizendo que o primeiro passo para aquisição da humildade é perceber que somos orgulhosos e que se pensamos que não somos presunçosos, é porque na realidade o somos muito:
“If anyone would like to acquire humility, I can, I think, tell him the first step. The first step is to realise that one is proud. And a biggish step, too. At least, nothing whatever can be done before it. If you think you are not conceited, it means you are very conceited indeed.”